Perdas emocionais


Quase todos nós temos dificuldades para lidarmos com perdas, sejam elas perdas materiais, emocionais ou a perda de entes e pessoas queridas, incluindo-se neste item não apenas a perda daqueles que morrem, como também daqueles que simplesmente saem de nosso convívio frequente, pelo fim de relacionamentos.

Irei, em um outro momento, falar sobre morte e relacionamentos... Hoje quero falar das perdas emocionais.

O processo de amadurecimento passa inevitavelmente pelo aprendizado de como lidar com perdas. O feto, ao nascer, perde a proteção do útero e a simbiose total com a mãe; o bebê, para descobrir o mundo, deve perder a ilusão de que o criou; a criança ao crescer, deve perder o seio da mãe e todas as vantagens de ser um ser totalmente dependente; o adolescente não amadurece sem antes perder a ilusão dos pais perfeitos...

É assim durante toda a nossa vida... Conforme vamos passando para novas fases, temos perder o velho para abrirmos espaço para o novo. Essas perdas frequentemente não são fáceis, sendo acompanhadas por momentos de crise. Podemos, inclusive, neste momento, definir crise como estes momentos cruciais nos quais percebemos que o velho não mais nos serve, mas tememos deixá-lo para trás, pois de alguma maneira aquela realidade nos traz conforto, segurança...

É difícil fazer essa transição... Como abrir mão do velho sem conhecermos o que virá?? Lutamos, tentando manter o melhor dos dois momentos, e sofremos, enquanto não aceitamos que crescer envolve sempre perdas e ganhos, e que só conseguimos aproveitar de verdade os ganhos e delícias de cada nova fase de nossas vidas quando também aceitamos deixar pra trás aquilo que perdemos.

Algumas pessoas fazem isso de maneira tranquila e graciosa, outros vão caminhando aos trancos e barrancos... Alguns buscam ajuda para lidar com os sofrimentos vividos por estas perdas, estejam elas no passado ou no presente, outros não sentem essa necessidade...

O fato porém é que, independente de como decidimos lidar com isso estes momentos envolvem sempre algum grau de sofrimento, que será menor, quanto maior nossa habilidade de aceitar e lidar com as mudanças que o novo momento nos traz.

E a vida sempre segue em frente, mesmo quando insistimos em tentar ficar parados.

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