Tristeza materna, depressão e outros quadros do pós-parto
Você passou nove meses aguardando ansiosamente o nascimento do bebê. Preparou o quarto com carinho, organizou roupas e brinquedos, e, agora que o bebê nasceu tudo é só alegria, certo?
Nem sempre...
No puerpério (período pós-parto) a mulher está,
por diversos motivos, mais sujeita a alterações de humor, inclusive
psiquiátricas, que podem tornar este momento delicado e confuso, e, em alguns
casos, atrapalhar inclusive o estabelecimento do vínculo mãe-bebê.
Muitas mudanças ocorrem, para a mãe, após o
nascimento do bebê. Mudanças biológicas, psicológicas e sociais. Após o parto,
a mulher sofre uma abrupta queda nos níveis dos hormônios progesterona e
estrogênio, o que, por si só, já é um motivo para alterações de humor; porém,
além dos hormônios, existem também fatores psicológicos e sociais que tornam
este um momento delicado.
Quando estava grávida, a mãe teve meses para
adaptar-se a essa nova situação. Possuía uma intensa relação com o bebê, que
fazia parte dela mesma, seu corpo e sua rotina passaram por transformações às
quais ela pode adaptar-se aos poucos.
Com o nascimento, este elo simbiótico mãe-bebê
se rompe, e precisa ser construído um novo vínculo e uma nova relação com a
criança. Isto em um momento onde existe uma forma de regressão psicológica, em
que podem emergir questões, conscientes e inconscientes, referentes à sua
primeira infância e a relação desta mulher com sua própria mãe.
A mulher passa por um estranhamento de seu
corpo, que, nas semanas seguintes à gestação, não possui mais um bebê em seu
interior, porém também não é mais o corpo que ela possuía antes da gestação.
Além disso, é um momento de grandes mudanças na
vida dessa mulher, que passa a ser responsável por um pequeno ser que depende
totalmente dela. Sua vida e sua rotina mudam abruptamente, e isso gera
insegurança com relação à sua vida pessoal, profissional, seu relacionamento
com o parceiro e mesmo quanto a sua capacidade de cuidar dessa criança.
Diante desse quadro, não é de se estranhar que
a grande maioria das mulheres apresente algum tipo de tristeza.
Tristeza Materna,
Blues Puerperal ou Melancolia Pós-parto
A Tristeza Materna, atinge de 50% a 85% das
mulheres, e ocorre nos primeiros dias de gravidez, tendo seu pico entre 0 4º e
5º dias após o parto. Costuma ter duração de cerca de duas semanas.
Choro fácil, alterações de humor,
irritabilidade e cansaço são as principais características que aparecem. A
mulher pode, também, sentir-se culpada, já que cobra-se estar feliz pelo
nascimento do filho.
Carinho e atenção são a recomendação aos
familiares e amigos para lidar com a situação, já que o quadro se reverte
naturalmente após as primeiras semanas
Depressão Pós-parto
Trata-se de um quadro mais grave. Além de uma
tristeza intensa que dura a maior parte dos dias, quase todos os dias, pode
ocorrer perda de interesse pelas atividades habituais, podendo levar a mãe a
descuidar de si mesma e do bebê. Há ainda alteração do sono, forte sentimento
de culpa, capacidade de concentração prejudicada, além da possibilidade de
ocorrer pensamentos suicidas, ou agressivos em relação ao bebê.
Neste caso, os sintomas persistem por um tempo
maior, que pode chegar a um ano. Há a necessidade de apoio psicológico, e
muitas vezes também psiquiátrico, para que ocorra a medicalização da paciente.
A depressão pós-parto tem maior incidência em
mulheres com histórico prévio de depressão, embora outros fatores como idade,
suporte social e eventos estressantes como desemprego, por exemplo, também
favoreçam seu desenvolvimento.
Psicose Puerperal
Trata-se de um quadro grave, que atinge uma
pequena parcela das mulheres (de 1,1 - 2 a cada 1000 gestantes).
Seus sintomas podem aparecer até três meses
após o parto, embora na maioria das vezes apareçam nas primeiras duas semanas
após o nascimento do bebê, de maneira abrupta.
Ocorrem delírios e alucinações, confusão mental,
sintomas depressivos, maníacos ou a alternância entre ambos. Há um risco grande
de suicídio ou infanticídio, o que torna fundamental a medicalização, e, em
alguns casos, a internação.
Independente de qual é o quadro apresentado
pela nova mamãe, contar com o apoio, compreensão e atenção da família é
fundamental. É importante que a mãe sinta liberdade para conversar sobre seus
sentimentos com o parceiro.
Caso haja dúvidas se os sentimentos e
comportamentos da mãe nesse período pós-parto são naturais, ou indicam alguma
patologia, é importante procurar apoio psicológico e medico.
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